terça-feira, 1 de setembro de 2020

Inícios e fins - Festa de Quarentena!

No balanço geral: ao completar mais uma primavera, a escrita trânsita entre o bem e o mal dos propósitos cumpridos.   

Inícios e finais estão próximos e extremamente distantes um do outro. Eu sempre gostei do dia do meu aniversário, várias formas de fazer ele ficar mais bonito: o primeiro dia do mês das flores, o aniversário do meu time querido Corinthians, mas o que acho mais bonito é o dia em si. O primeiro quer dizer que algo vai começar, é o inicio, aquele que abre caminhos para os dias que se seguirão cada um com sua importância, ele é o abre alas. E como eu amo iniciar coisas, seja ideias, livros, contos, conversas ou textos, até cansar. Eu sempre fico triste quando está chegando no fim da história, só fico mais animada quando sei que posso iniciar outra, é isso que me anima. No caso dos aniversários começamos um ciclo e fechamos outro, algumas vezes o fim é doloroso, outras nem tanto, o fato é que muitas vezes isto está além de nós.

Lembrei-me que aos dezoito anos eu disse que viveria até os 40 anos, isto era o suficiente. Eu viveria o bastante para ver uma mulher ser presidenta do Brasil (pelo menos isso), as mulheres teriam direitos reais, o racismo não existiria mais, eram muitos sonhos... Tenho que admitir que sonhei alto!  E embora algumas coisas tenham acontecido em prol de mudanças e melhoras, estamos longe de chegar em pé de igualdade, seja social, ou de gênero, mas a luta segue. 

Depois de tantos inícios e finais percebi que temos fases boas e ruins, estas datas são danadas para surgirem julgamentos, e reflexões sobre o que passou e o que está por vir. Creio que todas as pessoas passam por isso de vez em quando. Ficamos a imaginar novas concepções, meios de perceber o mundo, e aquilo que está em torno de nós. Pode ser a tal pandemia da covd 19, afinal, quem imaginaria algo dessa natureza há 1 ano atrás? Salvo alguns cientistas e pesquisadores que acreditavam que tal façanha aconteceria novamente em algum momento, estávamos a viver nossas vidas com o mesmo ritmo de sempre.

Talvez seja a situação provocada pela pandemia, o meu inferno astral, ou somente os habituais devaneios que por vezes transitam em minha mente. A tal autoavaliação é inevitável, e a realizo contando o espaço dos últimos dez anos até hoje. A mente divaga, é possível enxergar mudanças positivas?  Seja na forma de crescimento pessoal, comportamentos, realizações desejadas e alcançadas, ou não. Pensar em não ter realizado mudanças é muito complicado, é como se perdesse um tempo precioso que não terei de volta. Imagina uma década sem nenhum tipo de amadurecimento, seriam 3.653 dias vividos em repetições infinitas e sem o menor propósito, isso seria péssimo!  

Questiono quanto ao meu comportamento com aqueles que estão mais próximos, aos que se afastaram, e daqueles que me distanciei. Também reflito sempre sobre a minha missão de vida e se estou no caminho certo. A covid 19 surge como algo que deixa tudo mais intenso, nos provocando a rever sonhos e quereres. Uma necessidade de reafirmar o que fazemos da nossa vida, e repensar atitudes quando temos oportunidades reais, consciência e capacidade de fazer. O saber colaborar com aqueles que precisam de nós, e compreender até onde nos cabe e a nossa mão alcança.  

O tempo me ensinou que não sou perfeita, agir por impulso quase nunca dará certo, e que as vezes posso sim errar, me desculpar, aprender, e está tudo bem. A vida segue, faceira, sorrindo, chorando, caindo e continuando a caminhada. Mesmo sabendo de minhas limitações, a virginiana que habita em mim continua perfeccionista, e com vontade de deixar o mundo perfeitinho para que pessoas possam ser felizes e terem consciência disso. Posso ir melhorando o que consigo até chegar perto do melhor possível. 

O meu feminismo continua na veia! Mas a minha voz está mais baixa que há dez anos atrás, porém os argumentos estão repletos de base teórica e meus ouvidos abertos com compaixão intelectual para aqueles que desejam trocar ideias, aprender e ensinar. Ninguém precisa ver o mundo da mesma maneira, mas podemos nos ajudar, e deixar ele mais bonito e justo para todxs.  

A pandemia também me mostrou o que eu já sabia, mulheres sempre sofrem mais em qualquer situação de dificuldade. Está sendo assim durante a pandemia, e continuará enquanto a liberdade não for um canto único de libertação para a humanidade. As nossas conquistas são minimas, e só aconteceram com muita luta e para que ajustes econômicos e sociais fossem feitos. Nada foi de graça!  Não tenho vocação para ser heroína, quero viver coisas novas e bonitas, explorar o mundo, ser feliz e ter o direito de descansar e sorrir ao lado daqueles que amo. Andar na rua sem medo, e não temer por todas as meninas que já perceberam o quanto o gênero feminino é vulnerável. Desejos simples, mas que não tenho certeza se verei em vida. 

Deixei para trás aquilo que não valorizava o meu crescimento e amor, comigo caminha apenas aqueles que acreditam que o tamanho das pessoas e dos seus sonhos faz sentido, e estão na mesma direção. A minha vontade deve ser soberana na minha vida, e as companhias estarão pelo caminho. O universo cuida de nós, quando nos importamos com o que nos faz bem. 

Fazendo um balanço eu ganhei mais do que perdi, e isso é bom.

Pensei novamente sobre isso de viver somente até os 40, e não me digam que é mórbido falar sobre a morte, afinal é uma das poucas certezas que temos, está aí o covid no meio do mundo para nos provar isso todos os dias.  Neste caso, avaliando a possibilidade da minha antiga profecia acontecer, restaria pouco tempo de vida para tantos aprenderes e afazeres: livros, propostas e palestras, eu ainda não mudei o mundo na parte que me cabe. 

Sendo assim terei que falar com o Universo: Meu querido e esplendoroso Universo, será que é possível adiar aquela data, por favor. Me permita mais um tempinho com saúde, fé, força e amor. Eu preciso curtir mais o carinho dos que me cercam, e tenho também mais umas coisinhas a fazer em vida terrena nas escolas e na internet. Prometo não decepcionar nenhum de nós. Que assim seja. 

A parte boa é que o Universo me conhece melhor do que eu mesma.  

Para hoje: Um novo ciclo todos os dias. Feliz aniversário.  


Grazy Nazario. 

Um comentário:

  1. Parabéns Grazy, fico feliz de ver a grande mulher que você é. Tenho orgulho de ter te conhecido e quero que saiba que te admiro muito!

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