segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Uma beija-flor voou - Diário da artista

 É real.

Eu voei entre as nuvens e por cima delas, senti seu cheiro e seu gosto, que não tem sabor de nada. Eu voei, e continuo a voar, ainda que com os meus pés em terra firme. Sinto o vento por entre os meus pés, aquela brisa suave, o sol lindo brilhando sobre minha pele, o meu sorriso sem conseguir sair dali. Eu guardei em minha mente e no meu coração aquela sensação de felicidade, os meus olhos ficam marejados quando eu os fecho e lembro. É a verdade de que é possível.

Eu não sou um animal que voa, e então como explicar o dia em que voei.

São muitos os ângulos a validar esta experiência, a qual pretendo repetir sempre que possível, sem medo, ou resistência. Voar era um sonho antigo, o qual eu já havia imaginado de muitas maneiras.

Mas vale falar também sobre aquele “sonho” de quando a gente dorme e vê coisas acontecerem conosco. Quem nunca sonhou que estava voando?

Eu sempre sonhei, muitas vezes ia dormir pensando na sensação de tirar os pés do chão e flutuar, até cambalhota no ar eu dava. Era uma delícia acordar com aquela sensação, eu ficava por muito tempo relembrando e rindo sozinha.

Salvo as pessoas que tem medo de altura, geralmente muitos me descrevem diversas sensações de como se sentiam ao voar em seus sonhos. No meu caso, eu nunca temi nada em relação à altura. Olhar as coisas de “cima” costuma ser uma metáfora que adoro usar. Digo o quanto é importante ter uma visão ampla a ponto de perceber a atenção necessária aos detalhes. Logo, este não foi o meu maior desafio, o desafio que considero mais importante nesta aventura foi o de executar. Mas não apenas este verbo em específico.

Fazer, curtir, sentir, compartilhar, me emocionar. Foram estes, entre outros sentimentos e ações, que neste instante não me lembro, mas que certamente existiram. Chegar ao momento do vôo me trouxe a certeza de que sou capaz, e não apenas disso em si. Mas das coisas que me dispor a fazer, ouvir o meu coração, e dar atenção aos meus desejos.

Sentir a coragem percorrer pelo meu corpo foi surreal também, mas o que seria esta coragem? Quer dizer que em nenhum momento você sentiu frio na barriga, Grazy?

E eu digo:

- Lógico que eu senti, a princípio foi exatamente esta sensação que fui buscar!

Mas eu não tive medo de morrer, ou de cair, ou de não curtir. (Lembra o quanto eu sonhei literalmente com este vôo).

Eu tive medo do novo, daquilo que eu não conhecia, embora quisesse sentir, e fizesse idéia do que me esperava, e mesmo tendo feito e refeito estes passos durante muitos anos almejando este momento. Na hora H o frio na barriga acontece.

Tememos aquilo que ainda não vimos, mas como saber o que tem do outro lado sem arriscar, e não viver aquilo? Por que aprendemos a ter medo de viver um novo momento? A partir de quando nos acostumamos a observar as pessoas em seus saltos diversos, com medo de ousar nossos próprios passos?

Como perceber que está na hora de superar um trauma? Virar a página ou realizar um antigo sonho?

Afinal o que tem do outro lado?

Esta rampa irá me levar a um mundo desconhecido e feliz? Será que eu vou correr do jeito que devo para dar certo? Eu vou ter a calma necessária para curtir o tão esperado vôo?

Enfim aconteceu, todos os passos foram feitos, a grana foi paga, o dia estava lindo, e o vento a favor, como eu pedi ao universo. E a experiência foi incrível. Além do esperado, com todas as expectativas ultrapassadas, todos os medos superados, e a sensação de “eu sou capaz de tudo” mais forte do que nunca.

O mar, o sol, o vento, os morros, a vegetação, e todos os outros presentes da natureza me admiraram como eu a eles.

Nos comtemplamos, sorrimos e nos divertimos juntos, foi digno.

Eu estou pronta para continuar o meu vôo em terra, e retornar a aquela sensação de plenitude e poder sobre mim mesma. De saber quem eu sou, o que eu quero, e como posso tornar possível os meus sonhos.

Mais que isso, eu sei que posso ajudar outras mulheres a sonhar, quebrar barreiras, despertar velhos e novos desejos. Eu tenho uma missão, e ela começa em não desistir de quem eu sou.

Eu recomendo a todas as pessoas a voar, com asa delta, ou com as suas próprias asas. O ato de voar é realizar sonhos, mesmo que em terra firme e em dias nublados. Não duvide, desdenhe ou negue os seus sonhos, não desperdice mais nenhum minuto de sua existência. Outras se inspirarão em você, assim como você se inspira em alguém.

Seja a mulher que você admira ser, e o universo fará você se enxergar nela.

O meu vôo foi no dia certo, na hora, com o céu e na plenitude mais sublime oferecida pelo universo. Eu agradeço imensamente a todxs que estiveram comigo, e dividiram o primeiro dos meus vários vôos... Foi um prazer e uma honra. Saibam que fizeram parte de uma importante realização, e o torno é o que o torna cada detalhe tão especial.

 

Ps.

A minha primeira grande realização como escritora, se chama: O vôo do beija flor, o meu primeiro livro de poesias.  Minha amiga me lembrou disso pouco antes do meu primeiro vôo de “verdade”. Neste caso, não serão mais as minhas palavras transformadas em poesias que passarão a voar e chegar nas mãos e mentes das pessoas. Será eu mesma, e minha experiência narrada e vivida, sendo compartilhada, é assim que a beija flor irá falar sobre este desejo de sempre.



Para hoje: 

Sonhos são vôos que ainda não aconteceram.

Mas que não morrem quando você o alimenta, e flutuam em plumas quando você os realiza.








segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Finais reais

 Eu costumo falar bastante sobre finais, mas quase sempre os associo a renovações ou recomeços. Costumo pensar sobre como o tempo e alguma experiência contribuiu para aprender a aceitar finais, pensando que para tudo se tem um recomeço, como acontece nos livros. Finalizamos um capitulo e vem o inicio do próximo, e assim acontece até acabar toda a história. Sem contar que, quando o livro é bom vivemos um misto de curiosidade e medo. Tememos o fim, e a separação daquelas emoções, mas também queremos saber o que acontece. Dor e desejo, risos, choros e emoções... Assim até que o livro termina, e aquela sensação de vazio nos chega. Ao final um sorriso de satisfação se une junto ao abraço na obra. Olhamos o livro fechado, os olhos brilham. " Quantas coisas vivemos juntos, e tantos planos, foi muito bom, e acabou".

  Sempre gostei de pensar assim tanto na escrita, como na leitura. Dormimos e acordamos com os personagens todos os dias, nos tornamos amigos, ficamos a imaginar as suas atitudes, e torcemos para que o melhor aconteça, ou o pior. rsrs

Na escrita não é diferente, mas confesso que é muito mais emocionante, o paragrafo se escreve um a um enquanto vamos digitamos as palavras, assim como acontece enquanto escrevemos um texto como este, é muita emoção, amor e satisfação. É surreal. Por essas e outras os finais nos dilaceram, quando finalizamos uma historia é como realizar um parto, a obra já finalizou, e então ficamos a sentir falta do que tínhamos dentro de nós.

Sempre que eu estava com um projeto perto de chegar ao fim, o meu lado criativo enlouquecia em possibilidades de criações, talvez fosse o meu subconsciente, como uma forma se proteger as minhas sensações, dificilmente eu ficava sem ideias para escrever outra historia, e isso sempre me soou como algo muito bom. Até que decidi que deveria usar isso em outros setores da minha vida, creio que o medo do vazio não me deixou raciocinar muito bem. Pensei que não fosse necessário "esperar", e assim não deveria/poderia ficar nem mesmo um dia sem trabalhar, assim como, não esperaria nenhum sentimento ir embora por si só, deveria colocar muitas emoções sobre eles para que ele morresse sufocado.

Mas muitas vezes saímos de um determinado emprego esgotados, impossível raciocinar, e avaliar bem as grandes oportunidades que cabem ser aproveitadas por nosso potencial, e também o que podemos e queremos fazer. O medo sufoca, o cansaço não nos deixa enxergar nada, e aceitamos qualquer coisa mesmo que não tenha nada a ver conosco, só para não ficar desempregado. É claro que precisamos comer, vestir e bla, bla, bla. Mas relaxar a ponto de pensar em si, no que ama e gostaria de se dedicar não deveria ser considerado perda de tempo, pois é ganho. 

Assim também acontece com os sentimentos, muitas vezes não queremos esperar nada, nos cansamos, e decidimos não mais sofrer por aquele motivo, ai sofre por outros, e depois sofremos pelos velhos e novos motivos. Coisas da vida, dos finais, seja da paciência, da memória, ou dos finais em si.  

Então pensei que nem tudo se renova, algumas coisas terminam mesmo, porque chega o tempo de seu fim, acontece com encontros, com o expediente do trabalho, um filme, e um livro, é claro. E não sempre finais acontece para que novas situações renasçam, e tudo bem, não é o fim do mundo, apenas o fim de uma história, e caso outra melhor não acontecer, teremos em memória a melhor história até então vivida, lida ou contada. Assim como a vida, tudo acaba.

Hoje o meu dia finda, algumas decepções marcam o meu coração, alguns arrependimentos, outras certezas, e muitas palavras, estas eu espero que nunca se acabem dentro de mim. Embora finais sejam reais, e muitas vezes tristes, outros são imensamente esperados, mas nem tudo depende de nós. 

Desejo os melhores finais, principalmente para os inevitáveis. Que a tristeza passe, a esperança não morra, e o sorriso aconteça. 

Para hoje:  "Amanhã vai ser outro dia..." (Chico Buarque). E enquanto este for o plano espiritual que nos pertence, teremos outros dias. 


Texto: Grazy Nazario. 

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Inícios e fins - Festa de Quarentena!

No balanço geral: ao completar mais uma primavera, a escrita trânsita entre o bem e o mal dos propósitos cumpridos.   

Inícios e finais estão próximos e extremamente distantes um do outro. Eu sempre gostei do dia do meu aniversário, várias formas de fazer ele ficar mais bonito: o primeiro dia do mês das flores, o aniversário do meu time querido Corinthians, mas o que acho mais bonito é o dia em si. O primeiro quer dizer que algo vai começar, é o inicio, aquele que abre caminhos para os dias que se seguirão cada um com sua importância, ele é o abre alas. E como eu amo iniciar coisas, seja ideias, livros, contos, conversas ou textos, até cansar. Eu sempre fico triste quando está chegando no fim da história, só fico mais animada quando sei que posso iniciar outra, é isso que me anima. No caso dos aniversários começamos um ciclo e fechamos outro, algumas vezes o fim é doloroso, outras nem tanto, o fato é que muitas vezes isto está além de nós.

Lembrei-me que aos dezoito anos eu disse que viveria até os 40 anos, isto era o suficiente. Eu viveria o bastante para ver uma mulher ser presidenta do Brasil (pelo menos isso), as mulheres teriam direitos reais, o racismo não existiria mais, eram muitos sonhos... Tenho que admitir que sonhei alto!  E embora algumas coisas tenham acontecido em prol de mudanças e melhoras, estamos longe de chegar em pé de igualdade, seja social, ou de gênero, mas a luta segue. 

Depois de tantos inícios e finais percebi que temos fases boas e ruins, estas datas são danadas para surgirem julgamentos, e reflexões sobre o que passou e o que está por vir. Creio que todas as pessoas passam por isso de vez em quando. Ficamos a imaginar novas concepções, meios de perceber o mundo, e aquilo que está em torno de nós. Pode ser a tal pandemia da covd 19, afinal, quem imaginaria algo dessa natureza há 1 ano atrás? Salvo alguns cientistas e pesquisadores que acreditavam que tal façanha aconteceria novamente em algum momento, estávamos a viver nossas vidas com o mesmo ritmo de sempre.

Talvez seja a situação provocada pela pandemia, o meu inferno astral, ou somente os habituais devaneios que por vezes transitam em minha mente. A tal autoavaliação é inevitável, e a realizo contando o espaço dos últimos dez anos até hoje. A mente divaga, é possível enxergar mudanças positivas?  Seja na forma de crescimento pessoal, comportamentos, realizações desejadas e alcançadas, ou não. Pensar em não ter realizado mudanças é muito complicado, é como se perdesse um tempo precioso que não terei de volta. Imagina uma década sem nenhum tipo de amadurecimento, seriam 3.653 dias vividos em repetições infinitas e sem o menor propósito, isso seria péssimo!  

Questiono quanto ao meu comportamento com aqueles que estão mais próximos, aos que se afastaram, e daqueles que me distanciei. Também reflito sempre sobre a minha missão de vida e se estou no caminho certo. A covid 19 surge como algo que deixa tudo mais intenso, nos provocando a rever sonhos e quereres. Uma necessidade de reafirmar o que fazemos da nossa vida, e repensar atitudes quando temos oportunidades reais, consciência e capacidade de fazer. O saber colaborar com aqueles que precisam de nós, e compreender até onde nos cabe e a nossa mão alcança.  

O tempo me ensinou que não sou perfeita, agir por impulso quase nunca dará certo, e que as vezes posso sim errar, me desculpar, aprender, e está tudo bem. A vida segue, faceira, sorrindo, chorando, caindo e continuando a caminhada. Mesmo sabendo de minhas limitações, a virginiana que habita em mim continua perfeccionista, e com vontade de deixar o mundo perfeitinho para que pessoas possam ser felizes e terem consciência disso. Posso ir melhorando o que consigo até chegar perto do melhor possível. 

O meu feminismo continua na veia! Mas a minha voz está mais baixa que há dez anos atrás, porém os argumentos estão repletos de base teórica e meus ouvidos abertos com compaixão intelectual para aqueles que desejam trocar ideias, aprender e ensinar. Ninguém precisa ver o mundo da mesma maneira, mas podemos nos ajudar, e deixar ele mais bonito e justo para todxs.  

A pandemia também me mostrou o que eu já sabia, mulheres sempre sofrem mais em qualquer situação de dificuldade. Está sendo assim durante a pandemia, e continuará enquanto a liberdade não for um canto único de libertação para a humanidade. As nossas conquistas são minimas, e só aconteceram com muita luta e para que ajustes econômicos e sociais fossem feitos. Nada foi de graça!  Não tenho vocação para ser heroína, quero viver coisas novas e bonitas, explorar o mundo, ser feliz e ter o direito de descansar e sorrir ao lado daqueles que amo. Andar na rua sem medo, e não temer por todas as meninas que já perceberam o quanto o gênero feminino é vulnerável. Desejos simples, mas que não tenho certeza se verei em vida. 

Deixei para trás aquilo que não valorizava o meu crescimento e amor, comigo caminha apenas aqueles que acreditam que o tamanho das pessoas e dos seus sonhos faz sentido, e estão na mesma direção. A minha vontade deve ser soberana na minha vida, e as companhias estarão pelo caminho. O universo cuida de nós, quando nos importamos com o que nos faz bem. 

Fazendo um balanço eu ganhei mais do que perdi, e isso é bom.

Pensei novamente sobre isso de viver somente até os 40, e não me digam que é mórbido falar sobre a morte, afinal é uma das poucas certezas que temos, está aí o covid no meio do mundo para nos provar isso todos os dias.  Neste caso, avaliando a possibilidade da minha antiga profecia acontecer, restaria pouco tempo de vida para tantos aprenderes e afazeres: livros, propostas e palestras, eu ainda não mudei o mundo na parte que me cabe. 

Sendo assim terei que falar com o Universo: Meu querido e esplendoroso Universo, será que é possível adiar aquela data, por favor. Me permita mais um tempinho com saúde, fé, força e amor. Eu preciso curtir mais o carinho dos que me cercam, e tenho também mais umas coisinhas a fazer em vida terrena nas escolas e na internet. Prometo não decepcionar nenhum de nós. Que assim seja. 

A parte boa é que o Universo me conhece melhor do que eu mesma.  

Para hoje: Um novo ciclo todos os dias. Feliz aniversário.  


Grazy Nazario. 

sábado, 15 de agosto de 2020

A liberdade em ação - Diário da artista

 O que pensar da liberdade, se nunca nos deixam livres a pensar!


As palavras possuem a mágica ação de indicar significados. É lógico que atitudes são mais importantes que qualquer outra coisa, mas não dá para não enaltecer a beleza das palavras e o acalento que elas nos acarretam quando são ditas ou cantadas em nossa vida. 

Não imagino um mundo sem a magia das palavras, e entre as mais belas me encanto com a linda e bela combinação das letras que forma a dita - LIBERDADE. A sua sonoridade é encantadora, linda de ouvir e de se imaginar praticando. 

Mas o que é liberdade afinal? Como saber que estamos a praticar a mais linda expressão de uma vida.

Liberdade pode estar ligado a tudo, ou nada ao mesmo tempo, afinal, liberdade é também não precisar dizer algo que não se tem vontade. Percebe como é traiçoeira a linda palavra? Eu fiquei bons momentos a me deliciar na fonte dos significados possíveis para me sentir verdadeiramente livre dentre tantas possibilidades. 

Liberdade também poderia se enquadrar em vestir o que quiser, comer ou não algo, querer ou não uma direção, fazer ou não algo relacionado a nossa existência. Existe também a vontade literal da palavra, ou seja, não estar em uma prisão real é não ter liberdade. Metaforicamente temos a liberdade dos pensamentos, hábitos, rigores morais ou culturais... Muitas coisas podem nos prender de algum modo.  

Para isso dependemos da liberdade de escolhas, de suprir os desafios, temos a liberdade de nos aliar ou não a alguém ou uma ideia. Encarando este lado da palavra, a liberdade tem tudo a ver com o livre arbítrio, outra situação que nos deixa de cabelo em pé. Até que ponto estamos prontos para sermos capazes de fazer escolhas com consciência? 

Para ser livre é preciso ter coragem. Quando desejamos a liberdade e a temos, passamos a nos responsabilizar por nossas atitudes, tudo o que fizermos nos trará realizações e consequências amplas ou não. O fato é que sabemos que a nossa ação terá retornos e teremos que aprender a lidar com as novas realidades, é assustador saber que não será outra pessoa responsável por tais impactos em nossas vidas. No entanto, é também incrível perceber o quanto podemos ser grandes, intensos e poderosos quando nos assumimos. Não somos responsáveis pelo que as outras pessoas fazem, mas o que praticamos diante da vida das outras pessoas sim, e como fazemos para lidar com as situações que provocamos. É um tal de tudo junto, mas nem tanto. 

Quem me disser que não precisa de coragem para ser livre está errado, ou estará tentando se convencer de que não está. Quando somos livres, entre outras coisas, precisamos ter consciência de que as pessoas que estão em torno de nós também são livres para permanecer ou não em nossas vidas. Ainda que, não compreendam o significado da liberdade, terão o livre arbítrio. 

Ser livre é abrir mão da tortura de tentar possuir o controle sobre alguém, é confiar que as pessoas são capazes da mesma forma que você é, e que você não poderá fazer o caminho de outro ser humano, mesmo que ele seja parte de você. E mesmo que insista estar próximo poderá percorrer o caminho, mas cada um fará seu caminhar, e será dona apenas dos seus passos.

Da palavra liberdade pulamos para a linda CAMINHAR! É incrível como até as palavras gostam de andar juntas e multiplicar seus significados, é assim também conosco. O que seria de nós se fossemos livres sem poder caminhar junto a quem queremos, e quando este caminho nos une ao que muitas pessoas desejam... É uma delicia a liberdade das palavras, do teclado para a vida e de toda a mente criadora.

A liberdade pode sim ser assustadora, uma nova atitude de não precisar controlar nada além de suas direções, é a certeza de que nascemos sós, partimos sós, mas não precisamos estar sós se assim desejarmos, é uma ida e volta de quereres e saberes infinitos, é a alma construindo os saberes da vida. 

Liberdade é não ter medo de nada ou de ninguém, porque diante de tudo teremos possibilidades, caminhos, quereres... Seremos um dia livres verdadeiramente.

Por vezes me sinto livre para escrever e soltar os meus medos, a palavra LIBERDADE sabe por quais estradas percorri para perceber alguns significados e ações. Meu sorriso livre me trouxe aqui, desprendendo de alguns medos e consciente de que a liberdade me traz consequências. Mas estou disposta a escrever continuamente todas em minha história, e que a minha escrita me permita insistir em ser livre. Porque tem vida mais certinha que está, mas não presta não.


Para hoje: Ouse ser livre. Liberte-se. 

Texto: Grazy Nazario.  


quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Revirando a caixa de e-mails - Diário da artista

   As vezes sem querer aquela vasculhada na caixa de e-mails é super necessária e revigorante! 


Cara de travessa até que tem

       A caixa de e-mails é mesmo uma caixinha de surpresas. Lógico que em tempos atuais é normal verificar a caixa de e-mails, seja aguardando um remetente especifico ou qualquer que seja o assunto que chegue pelo conhecido correio eletrônico, básico do dia a dia. Mas recentemente eu visitei um lugar na minha caixa de e-mails á muito tempo não visto por mim, na verdade eu havia esquecido completamento que este lugar existia, é a caixa de rascunhos.

        É interessante dizer que fiquei cerca de um mês sem conseguir entrar na conta do meu e-mail. Do dia para a noite resolveram pedir como senha a "palavra passe". E como é que eu tendo criado a conta do à anos atrás me lembraria da palavra que digitei? Eu sabia que tinha a ver com feminismo, talvez o nome do blog ou escrita, tentei de tudo e não fazia ideia. E o pior é que tinha feito alguns pedidos pela internet, e cancelamentos, e era impossível entrar na conta. 

        Enfim, depois de inúmeras tentativas e processos de desistências e recomeços, foi possível acessar a conta "perdida". Ufa! Fui logo verificando as situações de urgência para prosseguir com o cancelamento que eu queria, e saber sobre o produto eu esperava troca... Não encontrei nada que procurava. Comecei a revirar tudo, estaria em algum lugar, pois foi dito que estaria lá. Remexi em tudo, desde a caixa principal item por item até a lixeira e tudo o que tinha direito. Em meio a estas procuras intermináveis cheguei até a caixa de rascunhos, e para meu espanto parecia um mundo paralelo, nunca havia reparado o quanto ela sabe sobre minhas intenções, desistências e prosseguimentos. Naquele espaço que parei para observar e refletir.

      Na caixa de rascunhos eu vi de tudo! Sabe aquele texto que você começa e não termina, deixa pra lá e as vezes retoma, as vezes não. Fiquei vermelha de vergonha!Meu rosto esquentou ao ler as coisas que eu  não havia enviado, mas que pensei em encaminhar. Tudo ficou pior quando lembrei de que alguns eu havia retomado a escrita e enviado em outra oportunidade. Quanto mico eu teria evitado! Coisas de muito tempo e com endereços para lugares mais exóticos, tipo "a pizza não estava boa como sempre"!  Foi engraçado até. E tinha também coisas que eu pensei em mandar e recuei, até declarações com poesia eu encarei. Direto do túnel do tempo! 

    Percebi certa inocência em algumas palavras, e foi muito bonito perceber que amadureci em muitos aspectos, e que mesmo com novos pensamentos mantenho alguma poesia nos sonhos de cada dia. Encontrei o texto que iria encaminhar junto á copia do meu primeiro livro "O voo do beija flor", era o inicio do meu voo, e eu nem cheguei tão alto ainda, mas como é bom sentir o quanto aquele voo me fez bem e ainda faz. O rascunho deu espaço ao verdadeiro e-mail, o inicio de uma realização incrível que até hoje gera frutos em verso e prosa. 

     Enxerguei naquela limitada caixa de textos muitas demostrações de coragem e outras de covardia, nem tudo é perfeito. As vezes o mundo nos prega peças, tive orgulho de ter encaminhado alguns, e me perguntei porque não enviei outros? Não mandei mesmo, ficou aqui prontinho. Mas são coisas da vida, do caminhar, e aprender. Nada é absoluto, a vida é orgânica. 

     Depois dessa investigação a caixa de rascunho olhei também os outros e-mails importantes para mim, tipo quando leram um texto meu na internet e falaram que aquilo foi inspirador. Penso que todos temos um propósito, e o mais importante deles é cuidar de nós, fazer aquilo que nos faz bem de alguma forma. Precisamos aprender a praticar o bem para as pessoas, sem deixar de nos cuidar. É um aprendizado constante, e se não for assim, a gente já morreu e nem sabe.  

     Revirei todas as caixas do e-mail, e muito revirei em minhas lembranças. Lembrei o quanto é difícil mudar pensamentos e ações, mas também me certifiquei de que é perfeitamente possível, eu mudei de muitas formas. Pensei em coisas que jamais faria novamente, e outras que faria diferente, mas me olhei carinhosamente, todos nós merecemos compaixão. 

Agradeci por não ter enviado algumas coisas rsrs. E senti orgulho por outras, ou teria me arrependido por não ter feito, se eu não arriscasse não seria eu! 

Para hoje: O passado é lição, e a mudança todos os dias!  


Texto: Grazy Nazario.