segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Uma beija-flor voou - Diário da artista

 É real.

Eu voei entre as nuvens e por cima delas, senti seu cheiro e seu gosto, que não tem sabor de nada. Eu voei, e continuo a voar, ainda que com os meus pés em terra firme. Sinto o vento por entre os meus pés, aquela brisa suave, o sol lindo brilhando sobre minha pele, o meu sorriso sem conseguir sair dali. Eu guardei em minha mente e no meu coração aquela sensação de felicidade, os meus olhos ficam marejados quando eu os fecho e lembro. É a verdade de que é possível.

Eu não sou um animal que voa, e então como explicar o dia em que voei.

São muitos os ângulos a validar esta experiência, a qual pretendo repetir sempre que possível, sem medo, ou resistência. Voar era um sonho antigo, o qual eu já havia imaginado de muitas maneiras.

Mas vale falar também sobre aquele “sonho” de quando a gente dorme e vê coisas acontecerem conosco. Quem nunca sonhou que estava voando?

Eu sempre sonhei, muitas vezes ia dormir pensando na sensação de tirar os pés do chão e flutuar, até cambalhota no ar eu dava. Era uma delícia acordar com aquela sensação, eu ficava por muito tempo relembrando e rindo sozinha.

Salvo as pessoas que tem medo de altura, geralmente muitos me descrevem diversas sensações de como se sentiam ao voar em seus sonhos. No meu caso, eu nunca temi nada em relação à altura. Olhar as coisas de “cima” costuma ser uma metáfora que adoro usar. Digo o quanto é importante ter uma visão ampla a ponto de perceber a atenção necessária aos detalhes. Logo, este não foi o meu maior desafio, o desafio que considero mais importante nesta aventura foi o de executar. Mas não apenas este verbo em específico.

Fazer, curtir, sentir, compartilhar, me emocionar. Foram estes, entre outros sentimentos e ações, que neste instante não me lembro, mas que certamente existiram. Chegar ao momento do vôo me trouxe a certeza de que sou capaz, e não apenas disso em si. Mas das coisas que me dispor a fazer, ouvir o meu coração, e dar atenção aos meus desejos.

Sentir a coragem percorrer pelo meu corpo foi surreal também, mas o que seria esta coragem? Quer dizer que em nenhum momento você sentiu frio na barriga, Grazy?

E eu digo:

- Lógico que eu senti, a princípio foi exatamente esta sensação que fui buscar!

Mas eu não tive medo de morrer, ou de cair, ou de não curtir. (Lembra o quanto eu sonhei literalmente com este vôo).

Eu tive medo do novo, daquilo que eu não conhecia, embora quisesse sentir, e fizesse idéia do que me esperava, e mesmo tendo feito e refeito estes passos durante muitos anos almejando este momento. Na hora H o frio na barriga acontece.

Tememos aquilo que ainda não vimos, mas como saber o que tem do outro lado sem arriscar, e não viver aquilo? Por que aprendemos a ter medo de viver um novo momento? A partir de quando nos acostumamos a observar as pessoas em seus saltos diversos, com medo de ousar nossos próprios passos?

Como perceber que está na hora de superar um trauma? Virar a página ou realizar um antigo sonho?

Afinal o que tem do outro lado?

Esta rampa irá me levar a um mundo desconhecido e feliz? Será que eu vou correr do jeito que devo para dar certo? Eu vou ter a calma necessária para curtir o tão esperado vôo?

Enfim aconteceu, todos os passos foram feitos, a grana foi paga, o dia estava lindo, e o vento a favor, como eu pedi ao universo. E a experiência foi incrível. Além do esperado, com todas as expectativas ultrapassadas, todos os medos superados, e a sensação de “eu sou capaz de tudo” mais forte do que nunca.

O mar, o sol, o vento, os morros, a vegetação, e todos os outros presentes da natureza me admiraram como eu a eles.

Nos comtemplamos, sorrimos e nos divertimos juntos, foi digno.

Eu estou pronta para continuar o meu vôo em terra, e retornar a aquela sensação de plenitude e poder sobre mim mesma. De saber quem eu sou, o que eu quero, e como posso tornar possível os meus sonhos.

Mais que isso, eu sei que posso ajudar outras mulheres a sonhar, quebrar barreiras, despertar velhos e novos desejos. Eu tenho uma missão, e ela começa em não desistir de quem eu sou.

Eu recomendo a todas as pessoas a voar, com asa delta, ou com as suas próprias asas. O ato de voar é realizar sonhos, mesmo que em terra firme e em dias nublados. Não duvide, desdenhe ou negue os seus sonhos, não desperdice mais nenhum minuto de sua existência. Outras se inspirarão em você, assim como você se inspira em alguém.

Seja a mulher que você admira ser, e o universo fará você se enxergar nela.

O meu vôo foi no dia certo, na hora, com o céu e na plenitude mais sublime oferecida pelo universo. Eu agradeço imensamente a todxs que estiveram comigo, e dividiram o primeiro dos meus vários vôos... Foi um prazer e uma honra. Saibam que fizeram parte de uma importante realização, e o torno é o que o torna cada detalhe tão especial.

 

Ps.

A minha primeira grande realização como escritora, se chama: O vôo do beija flor, o meu primeiro livro de poesias.  Minha amiga me lembrou disso pouco antes do meu primeiro vôo de “verdade”. Neste caso, não serão mais as minhas palavras transformadas em poesias que passarão a voar e chegar nas mãos e mentes das pessoas. Será eu mesma, e minha experiência narrada e vivida, sendo compartilhada, é assim que a beija flor irá falar sobre este desejo de sempre.



Para hoje: 

Sonhos são vôos que ainda não aconteceram.

Mas que não morrem quando você o alimenta, e flutuam em plumas quando você os realiza.








4 comentários:

  1. Parabéns Grazy que maravilha show....

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  2. Parabéns garota, pela sua coragem de realizar um sonho ao vivo e à cores e experimentar essa sensação de inteira liberdade, que um vôo verdadeiro causa, àqueles que enfrentam todos os seus medos na certeza de que tudo se encaminhará da melhor forma.
    Um dia, eu também espero abrir minhas asas e me jogar nesse vôo espetacular e me libertar de todas as amarras que ainda me mantém prisioneira.
    Que essa beija-flor possa voar cada bez mais alto!

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