segunda-feira, 11 de julho de 2016

Diário da Artista - Missa de Domingo


  Já fazia certo tempo que eu não ia à missa, não falarei em meses, mas não é pouco. Mesmo sem ser muito religiosa, quando penso em igreja costumo ir a católica, pois fui criada a partir desta crença. Assim, quando sinto vontade de uma energia coletiva, vou a igreja do meu bairro, que é um lugar onde me sinto bem.

Gostei quando soube que todos os domingos, o padre esta convidando alguém para falar durante a missa. Neste domingo a convidada foi uma representante do MST. A mulher do Movimento Sem Terra falaria sobre as suas batalhas e dificuldades, e de como é ser um “sem terra”.

A convidada do Padre Paulo começou a falar sobre a luta  no movimento dos sem terra, disse que além de ser negra, mulher e pobre (não consigo imaginar coisas piores para se viver em nossa sociedade), tinha vindo do interior da Bahia a procura de uma  “vida melhor”, já que aqui em São Paulo é a terra dos sonhos, quando se fala em trabalho.

Apesar de se dizer sem estudos e sem grandes oportunidades de empregos (e eu super acredito), Maria parecia bem esclarecida, via-se que era bem informada, inclusive citou a lei que garante a todos o direito a moradia e aos estudos... A convidada também comentou quanto ao preconceito e como as pessoas enxergavam a situação sem ter o mínimo de conhecimento do que se tratava as suas batalhas.

Até aí tudo bem, no entanto, a realidade não acontece nos palcos, é nos bastidores que as historias se faz verdadeiramente.

Eu comecei a olhar para os lados porque notei muitos cochichos, aí a minha atenção se dividiu. Ouvi algumas pessoas reclamarem e dizer que a mulher estava falando de politica, e que ali não era lugar do padre dar voz a ela. Homens, mulheres, jovens, idosos... Todos se queixavam de precisar ouvir a convidada, e alguns foram até embora.

Fiquei muito brava!

Eu não entendo como pessoas que estavam ali em busca do perdão dos pecados, e acreditavam na pregação de Cristo pensavam daquela forma. Preocupados com a fala como se ela falasse de partidos, e não de política publica, de pessoas, e de cidadania!   

Como assim falando de politica? Tudo é politica! Eu olhei para a mulher que resmungava e comecei a falar sobre as pessoas ignorarem que a politica somos nós e como lidamos com tudo a nossa volta. Ignorar isso não é apenas se omitir diante de decisões importantes, mas permitir que desgraças sejam feitas. Permanecer de braços cruzados diante de um crime é o mesmo que puxar o gatilho!

A minha irmã me chamou a atenção, disse que na igreja não era lugar de brigar! Além disso, conhecemos o Padre, e eu nos faria passar vergonha. Respirei fundo.

Por fim continuei a ouvir o seu testemunho de luta, sabemos que nem todas as pessoas pensam no próximo como Maria, o MST carrega muitos problemas, mas em todos os setores e grupos existem problemas, e não dá pra julgar todos por uma minoria. Assim como eu não fiz com os presentes na missa de domingo.

Poucas pessoas foram embora, a maioria ficou a ouvir, alguns a contragosto, mas ouviram o relato da mulher até terminar. Ao final alguns comentavam que as coisas não eram bem do jeito que a imprensa mostrava, e ela foi muito aplaudida.

Mas enfim... A missa foi bacana, o Padre Paulo Sérgio Bezerra é o melhor que existe! Sempre nos apresenta a reflexões, nos instiga a pensar em nós e em nosso lugar ao mundo diante do outro e pelo outro, nos ajuda a transcender de nós mesmos.

Prometo não demorar a voltar, as palavras quando bem ditas nos tocam divinamente, e como foi bom receber a sua benção.


Para Hoje: Senhor escutai a nossa prece!

Texto: Grazy Nazario. 

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