quarta-feira, 29 de junho de 2016

Poesia - O viajante

Artista: Lasar Segall
Navio de emigrantes, 1939/41
Óleo sobre tela
230 x 275cm


Perdi a hora. Para fugir a bomba não acorda
Tiros não mais me assombram
Mas se me pegar, quem cuidará de Ana?

Embarquei, notei as vestes únicas, úmidas.
O navio sujo, cheio. Falta falta ar, mãos vazias, a vida a deriva.

O sonho é não sonhar
Dormir é o bastante, meu montante
A viagem é o ato, a esperança turva, chegada incerta, disputa pura

Assoalho barro de Deus
Capitão rei encenação
O Navio negreiro nunca esteve em extinção.

Dor inconsciente também dói
O medo de sofrer destrói
 Quem será meu algoz

Tomei a voz que não me ouve
O trabalho não é fardo
Lá esta a guerra
Aqui morre os refugiados.


Por Grazy Nazario.

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