É real.
Eu voei entre as nuvens e por cima delas, senti seu cheiro e seu gosto, que não tem sabor de nada. Eu voei, e continuo a voar, ainda que com os meus pés em terra firme. Sinto o vento por entre os meus pés, aquela brisa suave, o sol lindo brilhando sobre minha pele, o meu sorriso sem conseguir sair dali. Eu guardei em minha mente e no meu coração aquela sensação de felicidade, os meus olhos ficam marejados quando eu os fecho e lembro. É a verdade de que é possível.
Eu não sou um animal que voa, e
então como explicar o dia em que voei.
São muitos os ângulos a validar
esta experiência, a qual pretendo repetir sempre que possível, sem medo, ou
resistência. Voar era um sonho antigo, o qual eu já havia imaginado de muitas
maneiras.
Mas vale falar também sobre aquele
“sonho” de quando a gente dorme e vê coisas acontecerem conosco. Quem nunca
sonhou que estava voando?
Eu sempre sonhei, muitas vezes ia
dormir pensando na sensação de tirar os pés do chão e flutuar, até cambalhota
no ar eu dava. Era uma delícia acordar com aquela sensação, eu ficava por muito
tempo relembrando e rindo sozinha.
Salvo as pessoas que tem medo de
altura, geralmente muitos me descrevem diversas sensações de como se sentiam
ao voar em seus sonhos. No meu caso, eu nunca temi nada em relação à altura. Olhar
as coisas de “cima” costuma ser uma metáfora que adoro usar. Digo o quanto é
importante ter uma visão ampla a ponto de perceber a atenção necessária aos
detalhes. Logo, este não foi o meu maior desafio, o desafio que considero mais
importante nesta aventura foi o de executar. Mas não apenas este verbo em
específico.
Fazer, curtir, sentir,
compartilhar, me emocionar. Foram estes, entre outros sentimentos e ações, que
neste instante não me lembro, mas que certamente existiram. Chegar ao momento
do vôo me trouxe a certeza de que sou capaz, e não apenas disso em si. Mas das
coisas que me dispor a fazer, ouvir o meu coração, e dar atenção aos meus
desejos.
Sentir a coragem percorrer pelo
meu corpo foi surreal também, mas o que seria esta coragem? Quer dizer que em
nenhum momento você sentiu frio na barriga, Grazy?
E eu digo:
- Lógico que eu senti, a princípio
foi exatamente esta sensação que fui buscar!
Mas eu não tive medo de morrer,
ou de cair, ou de não curtir. (Lembra o quanto eu sonhei literalmente com este vôo).
Eu tive medo do novo, daquilo que
eu não conhecia, embora quisesse sentir, e fizesse idéia do que me
esperava, e mesmo tendo feito e refeito estes passos durante muitos anos almejando
este momento. Na hora H o frio na barriga acontece.
Tememos aquilo que ainda
não vimos, mas como saber o que tem do outro lado sem arriscar, e não viver aquilo? Por
que aprendemos a ter medo de viver um novo momento? A partir de
quando nos acostumamos a observar as pessoas em seus saltos diversos, com medo
de ousar nossos próprios passos?
Como perceber que está na hora de
superar um trauma? Virar a página ou realizar um antigo sonho?
Afinal o que tem do
outro lado?
Esta rampa irá me levar a um
mundo desconhecido e feliz? Será que eu vou correr do jeito que devo para dar
certo? Eu vou ter a calma necessária para curtir o tão esperado vôo?
Enfim aconteceu, todos os passos
foram feitos, a grana foi paga, o dia estava lindo, e o vento a favor, como eu
pedi ao universo. E a experiência foi incrível. Além do esperado, com todas as
expectativas ultrapassadas, todos os medos superados, e a sensação de “eu sou
capaz de tudo” mais forte do que nunca.
O mar, o sol, o vento,
os morros, a vegetação, e todos os outros presentes da natureza me admiraram
como eu a eles.
Nos comtemplamos,
sorrimos e nos divertimos juntos, foi digno.
Eu estou pronta para continuar o
meu vôo em terra, e retornar a aquela sensação de plenitude e poder sobre mim
mesma. De saber quem eu sou, o que eu quero, e como posso tornar possível os
meus sonhos.
Mais que isso, eu sei que posso
ajudar outras mulheres a sonhar, quebrar barreiras, despertar velhos e novos
desejos. Eu tenho uma missão, e ela começa em não desistir de quem eu sou.
Eu recomendo a todas as pessoas a
voar, com asa delta, ou com as suas próprias asas. O ato de voar é realizar
sonhos, mesmo que em terra firme e em dias nublados. Não duvide, desdenhe ou
negue os seus sonhos, não desperdice mais nenhum minuto de sua existência.
Outras se inspirarão em você, assim como você se inspira em alguém.
Seja a mulher que você admira
ser, e o universo fará você se enxergar nela.
O meu vôo foi no dia certo, na
hora, com o céu e na plenitude mais sublime oferecida pelo universo. Eu
agradeço imensamente a todxs que estiveram comigo, e dividiram o primeiro dos
meus vários vôos... Foi um prazer e uma honra. Saibam que fizeram parte de uma
importante realização, e o torno é o que o torna cada detalhe tão especial.
Ps.
A minha primeira grande realização como escritora, se chama: O vôo do
beija flor, o meu primeiro livro de poesias.
Minha amiga me lembrou disso pouco antes do meu primeiro vôo de “verdade”.
Neste caso, não serão mais as minhas palavras transformadas em poesias que
passarão a voar e chegar nas mãos e mentes das pessoas. Será eu mesma, e minha
experiência narrada e vivida, sendo compartilhada, é assim que a beija flor irá
falar sobre este desejo de sempre.
Para hoje:
Sonhos são vôos que ainda não aconteceram.
Mas que não morrem quando você o alimenta, e flutuam em plumas quando você os realiza.