Gostei quando soube que todos os
domingos, o padre esta convidando alguém para falar durante a missa. Neste
domingo a convidada foi uma representante do MST. A mulher do Movimento Sem Terra
falaria sobre as suas batalhas e dificuldades, e de como é ser um “sem terra”.
A convidada do Padre Paulo
começou a falar sobre a luta no
movimento dos sem terra, disse que além de ser negra, mulher e pobre (não
consigo imaginar coisas piores para se viver em nossa sociedade), tinha vindo do
interior da Bahia a procura de uma “vida
melhor”, já que aqui em São Paulo é a terra dos sonhos, quando se fala em
trabalho.
Apesar de se dizer sem estudos e
sem grandes oportunidades de empregos (e eu super acredito), Maria parecia bem
esclarecida, via-se que era bem informada, inclusive citou a lei que garante a
todos o direito a moradia e aos estudos... A convidada também comentou quanto
ao preconceito e como as pessoas enxergavam a situação sem ter o mínimo de
conhecimento do que se tratava as suas batalhas.
Até aí tudo bem, no entanto, a realidade
não acontece nos palcos, é nos bastidores que as historias se faz verdadeiramente.
Eu comecei a olhar para os lados
porque notei muitos cochichos, aí a minha atenção se dividiu. Ouvi algumas
pessoas reclamarem e dizer que a mulher estava falando de politica, e que ali
não era lugar do padre dar voz a ela. Homens, mulheres, jovens,
idosos... Todos se queixavam de precisar ouvir a convidada, e alguns foram até
embora.
Fiquei muito brava!
Eu não entendo como pessoas que estavam
ali em busca do perdão dos pecados, e acreditavam na pregação de Cristo pensavam
daquela forma. Preocupados com a fala como
se ela falasse de partidos, e não de política publica, de pessoas, e de
cidadania!
Como assim falando de politica?
Tudo é politica! Eu olhei para a mulher que resmungava e comecei a falar sobre
as pessoas ignorarem que a politica somos nós e como lidamos com tudo a nossa
volta. Ignorar isso não é apenas se omitir diante de decisões importantes, mas
permitir que desgraças sejam feitas. Permanecer de braços cruzados diante de um
crime é o mesmo que puxar o gatilho!
A minha irmã me chamou a atenção,
disse que na igreja não era lugar de brigar! Além disso, conhecemos o Padre, e
eu nos faria passar vergonha. Respirei fundo.
Por fim continuei a ouvir o seu
testemunho de luta, sabemos que nem todas as pessoas pensam no próximo como Maria, o MST carrega muitos problemas, mas em todos os setores e grupos
existem problemas, e não dá pra julgar todos por uma minoria. Assim como eu não
fiz com os presentes na missa de domingo.
Poucas pessoas foram embora, a
maioria ficou a ouvir, alguns a contragosto, mas ouviram o relato da mulher até
terminar. Ao final alguns comentavam que as coisas não eram bem do jeito que a
imprensa mostrava, e ela foi muito aplaudida.
Mas enfim... A missa foi bacana,
o Padre Paulo Sérgio Bezerra é o melhor que existe! Sempre nos apresenta a reflexões, nos instiga a pensar
em nós e em nosso lugar ao mundo diante do outro e pelo outro, nos ajuda a
transcender de nós mesmos.
Prometo não demorar a voltar, as
palavras quando bem ditas nos tocam divinamente, e como foi bom receber a sua
benção.
Para Hoje: Senhor escutai
a nossa prece!
Texto: Grazy Nazario.
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